sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Das Enfermidades do Tempo

Levantou da cama num estado patológico peculiar, irradiando uma alegria engraçada que não soube explicar se vinha dos arranjos inconsequentes das vísceras ou se se resumia num efeito da pinga. Zombou do espelho num tom desdenhoso, escarnecendo os traços, determinando sentença de que era, no fim das contas, um homem feio. Diante da conclusão automática de que havia também outros homens feios, sentiu-se pertencente de fato ao mundo cotidiano, posto que não fazia parte de seus planos o mundo glacê. Um homem rude. Descontruiu um café da manhã honesto, tropeçou nos galhos que tumultuavam seu corredor, deu de cara com a morte e a confundiu com o amor. O grito resultante foi foda. De tão poluído pela cidade, não soubemos determinar com o devido carinho e exatidão se foi uma imprecação ou um nome bonito de mulher. Todos os sentimentos muito parecidos.

3 comentários:

Letticiae Bittencourt disse...

Vejo que começou o blog recentemente. O começo é meio frustrante. O segundo texto do meu blog foi falando dessa frustração. Também comecei recentemente.

Enfim, gostei do seu jeito de escrever. Gosto de textos que não falam tudo e deixam muito para a subjetividade de cada um. Possibilidades.

Valeu pela visita. Continue aparecendo. Abraço!

Bruno Dumont disse...

é... são sentimentos parecidos mesmo!
legal vc ter feito um blog.
isso de escrever "deixando para a subjetividade" alheia um pouco da interpretação é muito bom. nas tuas letras também percebo um pouco disso.
bom... espero q esse blog possa, enquanto durar, revelar ótimos textos como este.

abraço, Beto!

Fábio Vanzo disse...

Os sentimentos poluem o corpo.